sexta-feira, março 17, 2006

Mulheres

Ela anda pela casa com o jeito mais despreocupado do mundo. Cabelo castanho quase ondulado na manhã de uma lembrança. Pegando a torrada besuntada de geléia diet com a pontinha dos dedos, acha que está mais gorda do que queria estar, como toda mulher. É linda em sua imperfeição.
O camisão gigantesco é secular e faz questão de não esconder nenhum furinho feito pelo tempo. Desbotado, é provavelmente uma das coisas que mais guarda o seu cheiro matinal totalmente viciante.

O beijo morto, dado ainda nos lençóis, vem entre um sussuro ainda ininteligível de que a preguiça era maior que ela e os cabelos desgrenhados pela noite.

Nenhuma mulher acorda parecendo que está num anúncio de margarina, mas qualquer propaganda perderia em naturalidade para seus miados. Ela tem manias e defeitos como todo ser vivo e adora tascar um beijo mesmo antes de escovar os dentes.

É uma dessas mulheres mágicas em sua simplicidade.